Nope, este não é mais um tema de programas à la Márcia Goldshimidt. É um grande probema meu. Aliás, mais um dos meus grandes problemas.
Parar de falar é um grande desafio pra mim. A culpa não é exatamente minha, é só uma externação da minha grande vontade de mostrar que eu tô certo sempre, enfatizando com todos os milhares de motivos possíveis os porquês disso. Mas acontece que eu definitivamente não tô certo sempre. Não mesmo!
Isso me gerou situações patéticas extremas como o dia em que eu tive certeza que havia visto o último episódio de Caverna do Dragão, transmitido secretamente em uma madrugada pela Rede Globo. De fato eu vi um episódio do desenho de madrugada, mas... ficou óbvio né? "Cara, o último episódio não foi sequer FEITO!!!". O grande problema é que eu resolvi discutir arduamente com meus amigos sobre isso, dentre eles o cara menos sério e com o maior mau-caráter de Caxias, pois eu tinha lido num lugar que o tal último episódio seria "assim e assado" e parecia com o que eu tinha visto. Mas... Enfim, isso aconteceu anos atrás, não é nem de perto a coisa mais imbecil que já fiz, mas até hoje sou ridicularizado por causa disso e sempre serei.
Isso arremata uma pergunta: Por que diabos a maior emissora de televisão do país passaria o episódio mais esperado de um dos desenhos mais aclamados da história DE MADRUGADA? E SECRETAMENTE??? E o pior: Como um imbecil, além de acreditar nisso, defenderia essa idéia e discutiria sem a menor razão e senso do ridículo? Quem seria protagonista de tamanho fracasso?
Eu! No momento que os olhos de uns 5 caras arregalaram e me acusaram de ser o indivíduo mais idiota da terra (claro, somente coisa de momento né...), eu soube! Emporcalhei todo e qualquer debate por causa dessa merda de história! Mas não, eu não parei de discutir! Claro que não! Que honra teria eu se sessasse com meus argumentos, por mais descabidos que fossem? Seria eu, digno de ser chamado de homem?
Talvez não, mas seria menos estúpido com certeza.
Outra coisa que me acontece é pessoas tentarem me fazer parar de falar. A única pessoa que já conseguiu isso foi um ex-chefe meu. E ele só consegiuiu isso uma vez, porque eu tava com boa vontade e não queria discutir sobre isso (falar, falar e falar) com ele mais uma vez. Foi mais ou menos assim:
-Tu é um cara legal, mas tem um grande problema. (Ahan, UM SÓ!)
-Ahn... qual? (Como se eu não soubesse o que ele ia me dizer.)
-Tu fala demais. (...)
-Eu pensei que no comércio isso pudesse ser algo positivo, sabe...
-Mas não é!
-Mas eu acho que...
-Olha aí, não precisa falar mais nada.
-Ná, eu só queria dizer que...
-Tu ainda não paro de falar.
-É que...
-Shh!
-Tá bom.
Com isso da pra notar que minha boa vontade foi meio forçada e meu ex-chefe não batia (bate) muito bem. Mas isso não vem ao caso. O importante aqui (?) é perceber a relação desse diálogo com outros diálogos, com meus amigos por exemplo. Como eles não pagam meu salário e nem me dão nenhum dinheiro (o que é uma pena, pois eu mereço. Sim, eu mereço!) eles tem de me ouvir... e ouvir.... e ouvir. Com isso eu descobri que eu, na maioria das vezes, causo espasmos neles. Sabe espasmos né? Aqueles olhos virando pra cima, se contorcendo e aquela baba escorrendo pela boca. É como se eu fosse um causador de sono. Eu sempre tenho que repetir o que eu digo, as vezes até na mesma conversa. Não pela pessoa não ter interesse, mas porque depois do quinquagésimo minuto ouvindo "qual era a posição da minha perna na hora em que eu recebi a bola antes de chutar a gol" ou "como era a cara que o vocalista daquela banda fazia na hora em que ele berrava o refrão e em qual minuto da música isso acontecia" a coisa fica meio, digamos assim... aérea.
Na realidade, este poderia sim ser um tema do programa da Márica. Aqueles programas que vai uma pobre reclamar que o marido bate nela e um monte de gente fica lá julgando o coitado sem considerar que ele só faz isso por que ele bebe muito e que na verdade ele ama ela (tá eu falei isso de propósito pra deixar entendido o que é defender as coisas quando não se tem a menor razão, o que eu faço com exímio por sinal). Imagine só a situação:
Tema do programa: Minha vizinha é uma fofoqueira.
Vítima: Mulher negra, meia idade, gorda, muito feia, com chapinha, cujo problema é a vizinha, que contou pro marido dela que ela o estava traindo.
Acusada: A vizinha da mulher, igualmente negra (cor de chão), magra, voz de fumante, incrivelmente feia, chapinha, que clama os seus direitos de falar o que quiser a hora que quiser, não se importando com as consequências.
Possível diálogo:
-A Maricleusa não fecha a boca. Mi viu cu meu amanti i au invé di ficá na dela, foi lá i isbutinô tudu pu Craudecir. Agora eli diz qui num mi qué mais i qui é preu morá in otru barracu. Dessi jeitu vô te qui i pidi arregu pru meu fío Róbsu, ou pru Uáshiton, u meu otru homi.
A apresentadora pergunta o porquê da vizinha ter falado pro marido, e ela responde:
-Ué dona Márcia, falei puquê eu falu mesmu ué. Pobrema nun é meu.
A apresentadora pergunta então se não seria melhor ter evitado o problema pra vizinha, deixando eles resolverem o problema em casa. A vizinha faladora diz:
-Ah dona Márcia, a sinhora vê né... a Maria Quérei é vagabunda. Saiu cum otrus dois homi i a vizinhança já tava sabendu di tudu. Tudu qui eu fiz foi contá pru cornu u pobrema. Elis qui si virem.
Essa história termina em porrada.
Mas voltando ao que interessa (eu), um dia ainda vou aparecer no Jornal Nacional, sendo o herói em algum tipo de sequestro ou assalto a banco. Situação:
Assalto a banco.
Vítima: muitas pessoas e eu.
Acusado: Assaltante. (Ou eu, dependendo do ponto de vista.)
Possível diálogo:
-TODO MUNDU NU CHÃO PORRA! É UM ASSALTO CARALHO!
-(gritos)
-Ô TU AÍ NO CAXA ELETRÔNICO!!! PASSA A GRANA E DEITA! (no caso, ele tá falando comigo.)
-Pô, tu vê né seu assaltante, é que no caso eu já tava de saída e...
-CALA BOCA CARALHO! CHÃO!
-Bah, mas tá foda assaltante... é que esse dinheiro, eu preciso pra pagar...
-DEITA OU EU TE METO CHUMBO!!!
-Bah mas me abre uma excessão aí, se fosse 10 segundos antes eu nem ia mais...
-(TIRO)
Nesse momento o cara deitado a uns 10 metros atrás de mim é acertado na perna. Óbvio que o assaltante não quis me poupar, é que ele era da Guarda Municipal de Caxias, fracassou na carreira, e como todos seus ex-colegas, errou o tiro a 2 metros de mim E do cara que tava atrás de mim.Então a brigada militar chega e desce o sarrafo no assaltante. Eu sou agradecido por todos, menos pelo cara do tiro na perna.
Por fim a maior prova de que eu falo, falo e falo é esse blog. Ele nada mais é do que a representação de uma conversa minha com vocês (ninguém), que conta sobre o quão ridícula é minha vida e minha existência. Mas tá, por hoje chega.
Se tu leu tudo isso automaticamente perdes-te o direito de reclamar que eu falo muito. Se fodeo! HAHA!
=* amigos (se foderam)
.
.
.
.
Ah, eu esqueci de dizer que...